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Quaresma – 1

Quaresma e a Campanha da Fraternidade 2023.

A Campanha da Fraternidade é o modo brasileiro de celebrar a Quaresma. Ela não se esgota na Quaresma, mas é a partir de uma situação bem específica que a cada ano, recebemos um convite para vivê-la à luz da Campanha da Fraternidade.

Quando acolhemos o mandamento do Senhor,   nosso modo de compreender os desafios torna-se outro e o resultado é infinitamente maior.

 

Este ano, com o tema Fraternidade e Fome, somos convocados a considerar a fome como referência para nossa reflexão e nosso propósito de conversão. Temos, sem dúvida, fome de Deus. Desejamos estar com Ele e poder participar de seu amor e de sua misericórdia. Temos fome de paz, fraternidade, verdade, concórdia e tudo mais que efetivamente nos humaniza. Durante o tempo da pandemia, no qual, por medidas sanitárias que buscavam nos preservar, não pudemos ir às igrejas para comungar, sentimos fome do Pão do Céu.

A fome, bem sabemos, é um ato de preservação. É um sinal para que não nos distraiamos quando nosso organismo sente falta do necessário para viver. O que ocorre, porém, quando o alimento não chega a todo ser humano? O que faz uma sociedade ter filhos e filhas a quem, embora busquem, clamem, gritem e chorem, não chega o alimento? Por isso, a fome é também um desafio social, humanitário, uma situação que não se pode deixar de enfrentar, pois a fome de uns — a fome de uma só pessoa! — onera a todos nós, onera a sociedade inteira.

Tudo começa com um ato de ver. É preciso fazer como Jesus: “levantar os olhos e ver” a realidade da fome no Brasil.

Cada ser humano que não encontra o necessário para se alimentar é, em si, um questionamento a respeito dos rumos que estamos dando a nós mesmos e à nossa sociedade. A fome é um dos resultados mais cruéis da desigualdade. Afeta inicialmente os mais necessitados. Atinge, contudo, a todos, diz respeito à sociedade inteira. Essa é a razão pela qual o Papa Francisco, sem rodeios, afirma que “Não há democracia se existe fome”.

Que, portanto, esta Quaresma seja vivida em forte espírito de solidariedade. Que nosso jejum abra nosso coração aos irmãos e às irmãs que sofrem com a fome. Que nossa solidariedade seja intensificada. Que saibamos encontrar soluções criativas para a superação da fome, seja no nível mais imediato, assistencial, seja no nível de toda a sociedade. Que efetivamente se cumpra a responsabilidade dos governantes, em seus diversos níveis, concretizando políticas públicas, principalmente as de estado, que atinjam a raiz desse vergonhoso flagelo, garantindo não apenas a produção de alimentos, mas também que eles cheguem a cada pessoa, em especial às mais fragilizadas.

Que o Senhor Jesus nos possa um dia dizer: “Vinde […] eu estava com fome, e me destes de comer; […] todas as vezes que fizestes isso a um destes mínimos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizeste!” (Mt 25, 34 e 40).

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