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A importância da permanência dos pais na creche: período de adaptação

Tatiana Almeida (*)

Buscando compreender o ingresso à creche, alguns estudos têm mostrado que tanto as mães como as educadoras descrevem as primeiras semanas como altamente estressantes especialmente para bebês e crianças pequenas. O ambiente desconhecido, as novas rotinas, a alimentação, as pessoas não familiares, as separações diárias e a ausência da mãe colocam-lhes uma significativa exigência social e emocional. Porém, a adaptação muitas vezes é difícil não só para a criança, mas também para a família e a educadora, pois implica em reorganizações e transformações para todos.

O momento da entrada de uma criança em uma creche é acompanhado de diversos sentimentos. É, na maioria das vezes, o primeiro momento em que os pais compartilham de fato os cuidados de seus filhos com pessoas não familiares. Os pais costumam experimentar sentimentos de alegria, pelo fato de poderem retomar suas vidas profissionais, mas por outro lado, vivem sentimentos de culpa, medo e insegurança, por estarem delegando aos outros o que gostariam de alguma maneira fazer por seus filhos.

A forma como este processo é vivenciado pelas pessoas envolvidas influencia e é influenciada pelas reações da criança. Deste modo, se faz necessário que no período de adaptação a mãe/ pai ou outro familiar fiquem junto à criança para auxiliar na exploração deste ambiente estranho e no estabelecimento de novos relacionamentos com as educadoras e outras crianças.

Lamentavelmente muitos familiares não vivenciam esse momento com seus filhos, ou por dificuldades no trabalho, ou mesmo por não darem a devida importância a essa prática.

A presença dos pais em sala de aula durante o período de adaptação promove momentos de trocas que elucidam sobre os hábitos de cada instancia individualmente (creche, família). À medida que os pais e o professor vão familiarizando-se entre si, também vão criando vínculos, e a criança se beneficiará desses vínculos cada vez mais estreitos entre professores e pais.

Dicas para uma boa adaptação

Procure mostrar entusiasmo e segurança ao deixar seu filho na escola. Ressalte que ele irá encontrar outras crianças com as quais poderá brincar.

Explique com tranqüilidade, que ele irá passar o dia na escola e diga quem irá busca-lo no fim do período.

Dê para seu filho o tempo necessário para que ele se acostume com o novo ambiente e a professora.

Forneça a professora informações dos hábitos de seu filho o que gosta de comer, como gosta de dormir, se usa algum objeto para dormir, como chupeta, paninho, entre outros.

Controle sua ansiedade. É natural sentir angústia, mas não faça drama. Não diga que sentirá saudades, nem chore na porta da escola, nunca saia escondido. Esforce-se para transmitir segurança a seu filho.

Para que crianças e pais possam vir a superar as dificuldades no processo de separação ao entrar na educação infantil, é importante, senão essencial que se construa uma parceria entre a família e a escola, para que juntos possam realizar essa transição do ambiente familiar para o ambiente escolar com todas as repercussões de um grande evento na vida dos indivíduos, lidando com possíveis sofrimentos, tornando o novo ambiente o mais familiar possível para todos e possibilitando que as crianças possam escolher figuras de apego substitutas na creche.

“A professora não disputa o afeto da criança. A criança entende perfeitamente quem é a mãe dela e seu papel imprescindível na sua vida” (Salek, 2008).

Referencia Bibliográfica

SALEK.V.A . A criança até 4 anos- Um guia descomplicado para Educadores e pais curiosos. Summus Editorial. 2008.

(*) Tatiana Almeida é psicóloga Clínica Cognitiva Comportamental. Graduada em Psicologia pela Universidade São Judas Tadeu (2000). Especialista em Distúrbios do Sono pela Universidade Federal de São Paulo (2004), Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (2011). Pesquisadora nos seguintes temas, Distúrbios do Sono, Desenvolvimento Infantil, Psicologia, Distúrbios de Aprendizagem, Sexualidade infantil.

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