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Nossa Senhora da Conceição Aparecida

A Virgem Maria, a Mãe de Deus, é invocada conforme a história do povo cristão, em locais e regiões as mais distintas. Mesmo no Brasil, ela é chamada por muitos ‘nomes’. É quase automático nos lábios das pessoas, diante do inesperado ou do mistério grande das coisas, a exclamação: “Virgem Maria”! ou “Nossa Senhora”!

Para o descrente ou apenas o racional, a exclamação pode simplesmente ser um reflexo religioso inconsciente… No entanto, é curioso e muito significativo, que culturalmente o povo brasileiro chame sempre pela “mãe”, por uma “mulher”… que a fé sabe ser uma “bendita entre as mulheres”, porque é “cheia de graça”!

No Brasil, ela ganhou as feições simples e humildes de seu povo. É simplesmente a “Aparecida”, porque surgiu das águas, nas redes de gente simples como ela, os pescadores do rio Paraíba. A água escureceu sua imagem da argila, cor da terra. Apareceu negra, cabeça separada do corpo, que o homem colou e uniu. Outros sinais da identificação com o seu Filho e os seus irmãos: os renascidos da água e do espírito, membros do mesmo e único corpo, do qual o Cristo é a cabeça.

Antes dela ser “Aparecida”, já era a “Conceição”, aquela que concebe e dá à luz à própria Luz que veio a este mundo. Sabiamente diziam os Padres da Igreja que, primeiro Maria concebeu seu Filho na fé, crendo na Palavra que lhe foi anunciada e, por isso concebeu-O também no seu corpo. Tornou-se, então, o modelo e protótipo da Igreja, de todos os que, como ela, geram o Cristo pela fé.

São Francisco de Assis, na sua 2ª Carta aos Fiéis (48-53), depois de falar sobre a necessidade da completa conversão da atitude de egocentrismo, afirma:

“Aqueles que assim agirem e perseverarem até o fim, verão repousar sobre si o Espírito do Senhor e ele fará neles sua morada permanente, e serão filhos do Pai celestial cujas obras fazem. E serão esposos, irmãos e mães de nosso Senhor Jesus Cristo. Somos seus esposos, quando a alma crente está unida a Jesus Cristo pelo Espírito Santo. Somos seus irmãos quando fazemos a vontade de seu Pai, que está nos céus. Somos suas mães, se com consciência pura e sincera o trazemos em nosso coração e nosso seio e o damos à luz por obras santas que sirvam de luminoso exemplo para os outros”.

Para São Francisco a grandeza e a importância de Maria está no fato dela ter feito Cristo nosso irmão, dando-lhe a carne de nossa humanidade. Ele a vê sempre unida ao seu Filho. Por isso, a devoção a ela se faz na vida conforme o Evangelho. Francisco não só recorre à proteção de Maria, mas assume as atitudes dela frente a Deus, e como ela, concebe, gera e dá à luz à Palavra de Deus, dando-lhe vida e forma. É a fecundidade espiritual dos que, como Maria, geram o Cristo em suas vidas.

História

Seis décadas depois de criada a Vila de Guaratinguetá, um certo capitão José Correia Leite, adquiriu terras em Tetequeras, nas margens do Rio Paraíba do Sul, cerca,de três léguas abaixo de Pindamonhangaba. O Porto existente em sua fazenda, ficou então conhecido pelo nome de Porto José Correia Leite (atual Porto Itaguaçú).

Em dezembro de 1716, o rei D. João V, nomeou D. Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, conhecido como Conde de Assumar, para governar como Capitão General a Capitania de São Paulo e Minas Gerais, que pouco depois seria desmembrada em duas, por sugestão dele mesmo. Foi homem importante, viria a ser mais tarde vice-rei da Índia. Embarcou no Rio de Janeiro para Angra dos Reis, Parati e Santos, daí galgou a Serra do Mar e foi a São Paulo, onde tomou posse em 04 de setembro de 1717. Pouco depois seguiu para Minas Gerais, pela chamada estrada real, hospedando-se com toda sua comitiva em Guaratinguetá de 17 a 30 de outubro, à espera de suas bagagens que deixara no porto de Parati.

A Câmara Municipal da Vila de Santo Antonio de Guaratinguetá viu-se em apuros para abastecer a mesa de tão ilustre visitante, por isso convocou os pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves, e os mesmos saíram em pescaria pelo Rio Paraíba. Desceram e subiram o rio várias vezes e nada conseguiram, chegando ao Porto “José Correia” o pescador João Alves arremessando sua rede às águas do Rio Paraíba sentiu que algo ali se prendera, puxou-a de volta ao barco e viu que se tratava de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, sem a cabeça. Arremessou novamente a rede e apanhou a cabeça da imagem. Os três pescadores sem nada entender continuaram a pescaria, quando para surpresa de todos os peixes surgiram em abundância para aqueles homens.

Segundo o relato daquelas humildes pessoas, foram tantos peixes logo conseguido, depois de “aparecida” a imagem, que a canoa ficou cheia. Até ameaçava afundar. Alegraram-se muito com o ocorrido e foram levar o pescado à Câmara Municipal de Santo Antonio de Guaratinguetá, mas primeiro passaram pela casa de Felipe Pedroso e deixaram a preciosa encomenda confiada aos ciudados de Silvana da Rocha, mãe de João, esposa de Domingos e irmã de Felipe. Puseram-na dentro de um baú, enrolada em panos, separada uma parte da outra.

A casa de Silvana foi o primeiro oratório que teve aquela imagem, e ficou com ela cerca de nove anos, até 1726, data provável de seu falecimento. O marido e o filho, Deus já os chamara antes. Assim tornou-se herdeiro da imagem seu irmão, Felipe Pedroso, o único sobrevivente da milagrosa pescaria. Sua casa foi o segundo oratório, por seis anos, perto da Ponte Sá (proximidade da atual Estação Ferroviária) e também o terceiro, por mais sete anos, na Ponte Alta, para onde se mudara. Em 1739, Felipe Pedroso mudou-se mais uma vez, já velho, para o Itaguaçú, e fez a entrega da imagem a seu filho Atanásio. Até então a imagem ficava dentro do baú, guardada, e só era tirada de lá nas horas da preces, quando era posta sobre uma mesa. Na casa de Atanásio Pedroso, que ficou sendo seu quarto oratório, ela passou a ter altar e oratório de madeira, feitos por ele. Chamava sempre parentes e amigos e com eles rezava o terço e entoava cânticos. O número de devotos começou a aumentar, alguns sentiram-se favorecidos por graças e até por milagres, que apregoavam. A fama da Santa Aparecida foi crescendo e a notícia dos prodígios chegou aos ouvidos do vigário da Paróquia, Padre José Alves, que mandou seu sacristão, João Potiguara, assistir as rezas e observar. Baseado nas informações desse, e tendo ouvido outras pessoas, resolveu o vigário construir uma capelinha ao lado da casa de Atanásio, que, nessas alturas, estava morando no Porto Itaguaçú, onde a imagem fora encontrada.
Consta que o vigário quis levar a imagem para Guaratinguetá, levou-a por duas ou três vezes, mas o povo ia às escondidas e a trazia de volta. Depois corria a notícia de que a imagem fugira de volta para o bairro Itaguaçú. Resolveu o padre José Alves Vilela, no ano de 1743, construir uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros, a qual terminou sua construção dois anos depois, abrindo a visitação pública em 26 de julho de 1745 (dia consagrado a Santa Ana), dia em que foi celebrada a primeira missa.

Assim, 28 anos depois de “aparecida” a imagem nas águas do Rio Paraíba do Sul, ela teve sua capela, que iria durar 138 anos, até 1883.

Em 1894, chegou em Aparecida um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés da Virgem Maria para rezar com a Senhora “Aparecida” das águas.
No dia 8 de setembro de 1904, D. José Camargo de Barros coroou solenemente a Imagem de Nossa Senhora Aparecida. Em 29 de abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor, passados vinte anos, no dia 17 de dezembro de 1928, a vila que se formou ao redor da Igreja no alto do Morro dos Coqueiros tornou-se Município, e em 1929, Nossa senhora foi proclamada Rainha do Brasil e sua Padroeira oficial, por determinação do Papa Pio XI.

Com o passar do tempo o aumento do número de romeiros foi aumentando e a Basílica tornou-se pequena. Foi então que os Missionários Redentoristas e os senhores Bispos iniciaram no dia 11 de novembro de 1955 a construção da atual Basílica Nova, o maior Santuário Mariano do Mundo. Em 1980, ainda em construção, recebeu o título de Basílica Menor pelo Papa João Paulo II. Em 1984, foi declarada oficialmente Basílica de Aparecida Santuário Nacional, pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

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