Os estigmas de São Francisco, feridas sangrentas que espelhavam as feridas de Cristo crucificado, são um dos mais profundos mistérios da santidade. Logo, a comemoração dos 800 anos desse acontecimento, em 17 de setembro de 2024, nos convida a uma profunda reflexão sobre a vida e a espiritualidade desse homem singular, que deixou uma marca indelével na história da Igreja Católica.

São Francisco de Assis, um jovem rico e apaixonado pelas coisas do mundo, experimentou uma radical conversão que o conduziu a uma vida de pobreza e seguimento radical de Jesus Cristo. Por isso, renunciou a todos os seus bens e fundou a Ordem dos Frades Menores, inspirando multidões com seu amor pela natureza, pelos pobres e pelos animais. Sua pregação do Evangelho era marcada por uma simplicidade e autenticidade que comoviam a todos.

Os estigmas de São Francisco: um encontro com o sofrimento de Cristo

Os estigmas surgiram em São Francisco durante um retiro espiritual no Monte Alverne, na Itália. Portanto, em uma visão, o santo contemplou um ser angelical com as asas de um serafim, que se revelou como Jesus Crucificado.  E ao despertar, São Francisco tinha em seu corpo as mesmas marcas, sangrentas e dolorosas de Jesus.

Essa experiência mística o uniu ainda mais a Cristo, tornando-o um ícone vivo da paixão e da ressurreição.

Mas o que são os estigmas? São marcas que se manifestam no corpo de alguns santos, reproduzindo as feridas de Cristo. A teologia explica esse fenômeno como um dom extraordinário concedido por Deus, um sinal visível da íntima união entre o santo e o Senhor.

Portanto, os estigmas são um testemunho da força transformadora da graça divina e da possibilidade de uma vida entregue totalmente a Deus.

A importância de São Francisco para a Igreja: um renovador da fé

São Francisco de Assis é considerado o patrono da ecologia, dos animais e dos pobres. E sua espiritualidade, marcada pela simplicidade, pelo amor a todas as criaturas e pela busca da paz, continua a inspirar milhões de pessoas em todo o mundo.

Além de ser um dos santos mais populares e queridos da Igreja Católica, ele desempenhou um papel fundamental na renovação da fé cristã no século XIII.  Mas por que ele foi tão importante para a renovação da Igreja?

Alguns pontos:

Retorno às origens: Em um período de grande poder e riqueza, Francisco propôs um retorno às origens do cristianismo, enfatizando a pobreza, a humildade e o serviço aos mais necessitados. Ele convidou os cristãos a viverem o Evangelho de forma mais simples e autêntica.

Valorização da pobreza: Ao renunciar a todos os seus bens e escolher uma vida de pobreza radical, Francisco mostrou que a verdadeira riqueza está em Deus e no amor ao próximo. Essa atitude desafiou a visão materialista da sociedade da época e inspirou muitos a seguirem seu exemplo.

Pregação do Evangelho aos pobres: Francisco dedicou sua vida a levar a Boa Nova aos mais pobres e marginalizados. Sua pregação, marcada por uma grande simplicidade e pela experiência pessoal da fé, tocou o coração de muitas pessoas e despertou um novo entusiasmo pela fé cristã.

Amor à natureza: A profunda conexão de Francisco com a natureza, expressa em seu famoso cântico ao irmão sol e à irmã lua, revelou uma visão de mundo profundamente espiritual e ecológica, antecipando conceitos que seriam desenvolvidos muitos séculos depois.

Fundação de novas ordens religiosas: A Ordem dos Frades Menores, fundada por Francisco, e as outras ordens inspiradas por ele, como as Clarissas, os Capuchinhos renovaram a vida religiosa e contribuíram para a evangelização de diversas regiões. 

São Francisco é o fundador de três ordens religiosas: Primeira Ordem, dos Frades Menores (OFM – Conventuais – Capuchinhos). Segunda Ordem, das Damas Pobres ou Clarissas (OSC). Terceira Ordem Regular(TOR) / Ordem Franciscana Secular (OFS), dos leigos engajados no mundo.

Um Legado que transcende os séculos

A Ordem dos Frades Menores fundada por ele, assim como toda a Família Francisca que surgiu inspirada em seu modo radical de viver o Evangelho, se espalhou rapidamente por todos os continentes. E seus membros se dedicam a também viver o Evangelho com radicalidade e o amor extremo aos pobres, que se manifesta na oração e em obras.

Enfim, para a Família Franciscana, São Francisco é um modelo de vida cristã autêntica. Logo, sua capacidade de amar a Deus e ao próximo de forma incondicional é um desafio constante para todos os que se inspiram em sua figura.

Portanto, os 800 anos dos estigmas de São Francisco são uma oportunidade para renovar o compromisso com os valores franciscanos e para reavivar a chama da fé em nossos corações.

Estigmas de São Francisco: um convite a uma nova vida

São Francisco de Assis é mais do que um santo; ele é um ícone da Igreja Católica. Sua figura, presente no imaginário popular, inspira artistas, escritores e músicos, que encontram em sua vida e obra uma fonte inesgotável de inspiração.

A história dos estigmas de São Francisco é um convite à reflexão sobre o mistério de Deus e sobre o significado do sofrimento humano. As marcas deixadas em seu corpo são um testemunho da força do amor divino e da possibilidade de uma união íntima com Cristo.

Por isso, ao celebrarmos essa data, somos chamados a seguir os passos de São Francisco, buscando viver uma vida marcada pela simplicidade, pela fraternidade e pelo amor incondicional a Deus e ao próximo.

Enfim, os estigmas de São Francisco são mais do que simples marcas físicas; são um símbolo da paixão de Cristo e um convite a todos nós para que vivamos a nossa fé de forma mais profunda e comprometida.

Que a vida e o exemplo de São Francisco continuem a inspirar gerações futuras, levando a mensagem de paz, esperança e amor a todos os cantos do mundo.