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Educação: responsabilidade da família ou da escola?

Tatiana Almeida (*)

Certa vez, ouvi uma mãe que entregava o seu filho de 2 anos de idade aos cuidados das professoras fazer a seguinte colocação, “o meu filho está insuportável, não me obedece e fica me desafiando o tempo todo, por favor, dá um jeito nele, eu não tenho tempo, chego cansada do serviço, tenho que fazer o jantar arrumar a casa”.

O problema proposto e a forma com que se buscou a solução nos permitem fazer uma indagação: a quem cabe a responsabilidade pela educação dos filhos, aos pais ou à escola?

O Estatuto da Criança e do Adolescente, muito sabiamente, estabelece em seu artigo 19 que toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família. E digo que é sábia essa norma porque penso que os pais são os principais educadores de seus filhos. E isso é assim porque existe uma relação natural entre paternidade e educação. A paternidade consiste em transmitir a vida a um novo ser. A educação é ajudar a cada filho a crescer como pessoa, o que implica em proporcionar-lhes meios para adquirir e desenvolver as virtudes, tais como a sinceridade, a generosidade, a obediência, dentre muitas outras.

Os filhos nascem e se educam em uma família concreta. A família é uma atmosfera que a pessoa necessita para respirar. Entre seus membros costuma haver laços de afeto incondicionais que fazem um ambiente propício para que a educação se desenvolva. Nesse sentido, é ela essencial para a formação da pessoa. Os valores que se cultuam no lar irão marcar a estrutura e formação de ser o homem e a mulher de amanhã.
Muito bem, mas se a função primordial na educação cabe aos pais, o que compete à escola? Ou, mais ainda, como essa pode ajudar os pais na educação dos filhos?

Essa consideração de que os pais ocupam lugar de primazia na educação dos filhos não coloca a escola num segundo plano na função educativa. Pelo contrário, as instituições devem estar atentas as novas demandas, as imensas dificuldades que essas famílias enfrentam em educar seus filhos, e passem a ajudá-las, dando lhes conhecimentos acerca de como devem atuar na formação de seus filhos.

Não há dúvida de que ser pai e mãe hoje implica em uma tarefa muito difícil principalmente nos tempos atuais em que pai e mãe saem em busca do sustento familiar, mães que acumulam funções são as Pães, abreviação de mulheres que são mães e desempenham a função de pai e provedora do sustento familiar.
E aí, surgem as culpas, as dúvidas a falta de tempo, pois, estão preocupados em não faltar comida em casa, em pagar o aluguel em dia, em pagar as contas de luz e água que não conseguem enxergar o sofrimento do seu filho(a).

Diante disso, a escola deve atuar como colaboradora da família, estar preparada para dar formação aos pais, auxiliando-os com conhecimentos técnicos e com um acompanhamento personalizado nessa difícil tarefa de educar.

É de fundamental importância que escola e família caminhem juntas que pais e professores mantenham contatos periódicos, não só apenas quando o aluno apresenta algum comportamento inadequado, mas mesmo que não haja nenhum problema aparente.

Trata-se de reconhecer o que há de bom em cada criança e, a partir disso, traçar um plano pessoal de melhora, com atuações concretas a serem implantadas em casa e na escola.

Para isso é necessário, que pais reconheçam as suas dificuldades e procurem ajuda e instituições de ensino admitam a importância dos pais na educação dos filhos, ou seja, ambos atuando coerentemente na mesma direção.

Bibliografia
BHERING,E. Envolvimento de Pais em Creche: Possibilidades de Parceria. Rev Psicologia:Teoria e Pesquisa 2002,Vol 18 n1, pp063-073.

(*) Tatiana Almeida é psicóloga Clínica Cognitiva Comportamental. Graduada em Psicologia pela Universidade São Judas Tadeu (2000). Especialista em Distúrbios do Sono pela Universidade Federal de São Paulo (2004), Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (2011). Pesquisadora nos seguintes temas, Distúrbios do Sono, Desenvolvimento Infantil, Psicologia, Distúrbios de Aprendizagem, Sexualidade infantil

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